quarta-feira, 11 de março de 2009

Evasão Escolar


O sistema educacional brasileiro na sua prática enfrenta uma série de obstáculos, entre eles a Evasão Escolar, causada muitas vezes por reprovações consecutivas que acabam desmotivando o aluno e o levam a desistência.

Neste artigo abordaremos este problema, que nos últimos 10 anos cresceu em escalas alarmantes no Brasil, afastando crianças, jovens e adultos das salas de aula e passando a integrá-los a uma estatística que cresce a cada dia.

Segundo dados levantados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep/MEC), a taxa esperada de conclusão do ensino fundamental é de 59%. O que significa que se não houver uma mudança no atual cenário de desigualdade, cerca de 41% dos estudantes brasileiros continuarão sem concluir sequer o nível obrigatório de escolaridade, levando-os a abandonar os bancos escolares.

O INEP realiza a cada dois anos uma avaliação da qualidade da educação básica, através da aplicação de provas a uma amostra de estudantes de quarta e oitava séries do ensino fundamental e de terceira série do ensino médio. O SAEB (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica) fornece dados sobre o desempenho dos estudantes de todas as regiões e Unidades da Federação, das redes pública e privada e das áreas urbanas e rurais. Esses resultados são bastante preocupantes, pois evidenciam um desempenho médio muito baixo, com um intimo contingente com rendimento mais elevado. E, nesse caso, também, as diferenças entre os que estão nas classes de menor renda familiar e os das mais altas são gritantes. Os estudantes da rede pública apresentam desempenhos bem piores do que os da rede privada, sendo que essa desigualdade se acentua ainda mais quando se compara as regiões do País.

As diferenças precisam ser superadas, pois o País necessita de profissionais bem escolarizados e bem preparados em sua força de trabalho. Para atingir esse objetivo, é preciso aumentar rápida e significativamente os investimentos públicos na escolarização da população, em especial dos segmentos mais pobres da sociedade. Estão em jogo não apenas os direitos de cidadania e os ideais socialistas, democráticos e republicanos, mas também as possibilidades de desenvolvimento econômico e social da Nação (Inep. 2007)

Existe no Brasil quase um milhão e meio de crianças entre 7 e 14 anos sem matricula ou evadidas das escolas, segundo o Censo Demográfico de 2000. Essa legião de crianças excluídas das salas-de-aula representaria 5,5% dos brasileiros nesse faixa etária. Enquanto países semelhantes ao Brasil em termos de desenvolvimento e produção de riquezas apresentam números bem mais baixos.

Não há justificativa plausível para, em um País com o desenvolvimento econômico como o do Brasil, ainda haver graves e centrais problemas educacionais... é preciso enfatizar que os problemas educacionais são problemas de todos, da Nação, dos Estados, dos municípios e da sociedade. Portanto, os esforços para se ter todas as crianças na escola e aprendendo devem ser partilhados. Se houver sucesso, esse será de todos, se houver fracasso, todos são responsáveis (Araújo. 2002)


Motivos / Causas / Fatores

A evasão escolar não é apenas questão pedagógica. As limitações estão nas condições de vida da família, que repercutem diretamente na vida escolar da criança. Há desafios no cotidiano das escolas para a permanência dos alunos.

Por deficiência de aprendizagem. Essa evasão ocorre especialmente quando há a repetência. O aluno "fracassado" é desmotivado para aprender e acaba por abandonar a escola.

A vida sexual dos adolescentes inicia-se cada vez mais cedo. No Brasil, a cada ano cerca de 20% das crianças que nascem são filhas de adolescentes, número que representa três vezes mais garotas com menos de 15 anos grávidas que na década de 70. A maioria delas, durante o período da gravidez, abandona a escola e não retorna mais.

Resultado, sobretudo, das próprias condições socioeconômicas da família do aluno. A tendência do abandono da escola vem da necessidade de ajudar na complementação da renda familiar. O IBGE calcula que os menores trabalhando cheguem a 5,1 milhões.

A questão central no campo da formação de professores é a desvalorização da profissão, a ausência de um piso salarial, de jornada integral de trabalho e concentração em uma escola. Também não há perspectiva de futuro, pois não temos uma carreira e condições adequadas de trabalho na escola pública, o que acaba por afastar os jovens da carreira e os professores do campo de trabalho. Temos também uma crise estrutural e institucional nos processos formativos. A predominância de cursos nas IES privadas, isoladas, afastados dos espaços de produção de conhecimento e pesquisa, impede que tenhamos uma formação de qualidade elevada de profissionais da educação para atuação na educação básica.

A precária das relações de trabalho e o rebaixamento salarial são apontados como pontos fundamentais na queda do interesse dos jovens pela licenciatura.

Consequências

As consequências da evasão escolar influenciam diretamente a vida social e econômica de um país. No Brasil observamos adultos despreparados para o mercado de trabalho, que não possuem os conhecimentos básicos para se inserirem nas ofertas de ocupações existentes, portanto não são capazes sequer de entrar na briga por uma oportunidade de emprego. Com isso aumenta-se a pobreza e a criminalidade, principalmente nos centros urbanos, que atraem indivíduos de outras regiões sem instrução escolar, através do sonho de melhores condições de vida. Estas pessoas se deparam com um mercado de trabalho com necessidades maiores do que eles podem lhe oferecer. E o resultado é o subemprego e o aumento das áreas de moradias impróprias para a uma vida saudável e digna para qualquer ser humano. A população sem oportunidade de emprego fica cada vez mais pobre e uma das consequências mais graves que percebemos nos grandes centros hoje é o aumento da criminalidade. O indivíduo sem ter como sobreviver de maneira digna passa a praticar crimes contra os cidadãos, muito por necessidade ou mesmo num ato de revolta. Pensando agora na descendência destes indivíduos, a tendência das crianças criadas neste meio é a de repetir os passos dados por seus progenitores que deixam a escola pela necessidade de sobrevivência imediata, não concluem nenhuma profissão, consequentemente não conseguem trabalho e partem para a fila do subemprego ou para a delinquência. Isto quando antes do primeiro passo já não se forma na escola do crime. O abando dos estudos juntamente com a pobreza são responsáveis ainda pelo aumento do índice de algumas doenças como malária, mal de Chagas, leishmaniose, e outras como HIV e as sexualmente transmissíveis. Isso acontece por falta de higiene necessária para saúde ou por falta de conhecimento da população pobre a respeito de como evitar o contagio de tais doenças. A evasão escolar também influência no crescimento econômico de um país, pois o indivíduo sem conhecimento necessário torna-se mão de obra desqualificada para determinadas profissões fazendo com que o Estado perca a chance de crescer e consequentemente de concorrer com outros países no mercado mundo.

Soluções

Iniciaremos explanando sobre o processo de formação continuada e permanente para professores.

O computador oferece ao professor uma ferramenta indispensável para essa atualização, pois ao incorporar-se à educação sintoniza os profissionais envolvidos, adaptando as teorias ao dia a dia em sala de aula.

É oportuno, ainda, que o professor busque inserir-se em projetos de reciclagem, voltados para a realização de atividades esportivas, recreativas e culturais, elaboração de material didático próprio, criação de bibliotecas comunitárias e itinerantes, além de monitoramento e avaliação das ações desenvolvidas com as turmas.

Paralelo às questões já mencionadas, está a iniciativa dos governantes, que deveriam aplicar de forma mais consciente as verbas destinadas à educação, elaborando programas nas esferas de ensino fundamental, médio e superior, além de cursos profissionalizantes. Cabe ainda aos governantes a tarefa de dar maior ênfase a planos de equiparação e melhoria de salários para os profissionais de educação.

Partindo-se do pressuposto de que os pais ou responsáveis de certa forma não dão a devida importância aos estudos de suas crianças, a presença dos mesmos dentro da escola é de crucial importância , participando de projetos e palestras; recebendo informações que podem ser de igual maneira veiculadas através de campanhas publicitárias na mídia.

O aluno, que é o principal interessado no meio escolar, é mantido sob vigilância permanente através de diário de classe, boletins individuais de avaliação, uso de uniformes impecáveis, culto à obediência, à superioridade do professor, etc. Essas situações trazem opressão ao aluno em seu campo do saber em momentos tão importantes do seu processo de construção do conhecimento. A escola precisa oferecer-se como um espaço onde a dialética possa se dar na horizontalidade e a democracia possa ser exercida de forma atrativa para aqueles que dela se valem como um princípio de direito.

É importante frisar a necessidade de fortalecimento dos Conselhos Tutelares no monitoramento da freqüência e permanência da criança na escola, implementação de políticas públicas eficazes por parte do Estado, suscitando complementação de renda familiar, na garantia da assiduidade escolar e combate a exploração do trabalho infantil.

“Os programas de erradicação do Trabalho Infantil deveriam incluir em seu escopo a profissionalização dos jovens e adultos que integram a família da criança. Deveriam fortalecer as redes institucionais de apoio a grupos sociais, articulando ações conjuntas com organizações governamentais e não governamentais, associações comunitárias, culturais e religiosas.”

A lei 10.097/2000, nos artigos 428ª 433 da CLT, determina que “o empresário se compromete a assegurar ao maior de quatorze e menor de 18 anos, inscrito em programas de aprendizagem, formação técnico-profissional metódico, compatível com seu desenvolvimento físico, moral e psicológico...”

Há que se pensar, então, em uma educação de base com plenas garantias em termos de qualidade nas séries iniciais. É no início do processo de escolaridade que reside o resultado da bagagem de conhecimento que se refletirá no futuro. Não basta manter um índice elevado de alunos na escola no intento de elevar os dados estatísticos, como nação que caminha para erradicar o analfabetismo. Se a educação tiver qualidade, estará realizando o sonho daqueles que primam pela alteridade, equidade e justiça social.

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